Sintomas de Tumor Cerebral: quando investigar e procurar um especialista?

Descubra os principais sintomas de tumor cerebral, quando investigar e a importância do diagnóstico precoce para melhores resultados no tratamento.
Introdução
Muitas vezes temos sintomas genéricos como esquecimentos, dor de cabeça, dormências etc., e com as pesquisas na internet e com as histórias anedóticas de conhecidos (“fulano teve dor de cabeça e era tumor”), acabamos em um desespero por antecedência. Por outro lado, muita gente ignora sintomas por muito tempo até procurar um especialista. Então afinal, quando é que de fato pode ser um tumor? Será que o Dr Google ajuda?
A verdade é que a maioria desses sintomas tem causas mais comuns, e também mais benignas, sendo importante saber quando tem algo diferente que merece mais atenção. O diagnóstico precoce faz toda a diferença na possibilidade de tratamento e qualidade de vida.
Para começar, o que é um tumor cerebral?
Todo tumor é um aglomerado de células que possuem características diferentes das células normais do lugar/órgão de onde surgiram. As células perdem o controle da sua multiplicação e começam a aumentar de número, formando um “tumor”, muitas vezes chamado de “Lesão expansiva” (basicamente porque no cérebro tudo tem um espaço definido, e quando alguma coisa está crescendo dentro da cabeça, começa a ocupar espaço, se expandindo enquanto aperta as estruturas em volta).
Pode ser benigno (como alguns meningiomas) ou maligno (como os glioblastomas).
Em ambos os casos podem haver sintomas pelo próprio crescimento (compressão de estruturas), pelo inchaço gerado no cérebro em volta ou mesmo pela perda da função de uma região do córtex cerebral (lugar onde estão os neurônios que desempenham as funções cerebrais).
Nem sempre os sinais são evidentes, mas alguns sinais indicam maior cuidado:
1. Dor de cabeça persistente
Dores que pioram pela manhã ou acordam o paciente à noite.
Mudança no padrão habitual da dor (esse especialmente para pacientes que já sofrem com dor de cabeça cronicamente, podendo ser uma mudança no tipo da dor, na frequência, na intensidade ou mesmo resistência aos medicamentes geralmente usados)
2. Crises convulsivas
Crise convulsiva em paciente sem histórico prévio deve ser investigado com exame de imagem. Crises convulsivas são manifestações de atividade cerebral anormal, podendo ser generalizadas (com tremores nos membros, perda de consciência, revirar de olhos, incontinência urinária, queda, etc) ou parciais (mantendo a consciência mas manifestando como movimentos involuntários do braço ou da perna, alterações de sentidos – olfato, visão, audição, sensibilidade – ou mesmo alteração de comportamento)
Muitas vezes pode ser a primeira manifestação da doença.
3. Alterações motoras e sensitivas
Fraqueza ou dormência em um lado do corpo. Sintomas lateralizados (braço e perna do mesmo lado) são sugestivos de alteração cerebral, devem ser investigados.
Dificuldade de equilíbrio e coordenação. Geralmente se manifestam na marcha ou na capacidade de desempenhar tarefas delicadas. Esses sintomas sugerem alteração no cerebelo.
4. Mudanças cognitivas ou comportamentais
Perda de memória recente. Aqui eu tenho que fazer uma ressalva, eu não estou falando de esquecer onde estacionou o carro, onde guardou o controle, qual a senha da rede social... essas alterações leves de memória são sintomas muito comuns com muitas causas possíveis. A perda de memória que eu me refiro aqui é quando o paciente almoça e não lembra que almoçou, pedindo para comer novamente. Não lembra de acontecimentos relevantes, como mortes de familiares, acidentes, dívidas, aniversários, festas e afins... ou seja, coisas maiores, que o impacto na vida da pessoa não passaria despercebido.
De maneira simples, as perdas de memória que assustam um pouco as pessoas em volta, e não aquele esquecimento do dia a dia, que geralmente partem da própria pessoa.
Alterações de personalidade, irritabilidade ou apatia. Aqui também devemos ter cuidado. Humor por si só é algo extremamente oscilante, mas quando existe uma mudança mais drástica, perceptível para as pessoas em volta, merece ser investigado. Irritação, sono ou libido não são muito confiáveis. Mas confusão mental, delírios, alucinações, alguém que é mais calada ficar mais falante, alguém mais recatado ficar mais desinibido... são sintomas mais preocupantes.
5. Alterações visuais ou auditivas
Visão dupla, borrada ou perda parcial da visão. Também é um sintoma bem comum, geralmente difícil ser inicialmente associado a um tumor. Nestes casos, em geral o melhor é procurar um oftalmologista para afastar causas oculares e só depois pensar em alteração cerebral.
Nesse tópico o tumor de hipófise se encaixa bem, o tipo de perda visual é de campo periférico, raramente percebido pelo paciente, mas geram uma característica social: o paciente fica mais desastrado, começa a derrubar coisas, tropeçar regularmente, virar mais o pescoço para olhar diretamente para os objetos e pessoas.
Zumbido ou perda auditiva se ocorrem também de forma progressiva e muito perceptível podem estar associados a tumores. A perda auditiva especialmente associado ao Schwanomma Vestibular.
6. Náuseas e vômitos inexplicáveis
Principalmente quando associados a dor de cabeça intensa. Tumores da fossa posterior (uma região do crânio, perto da nuca) podem ativar o “centro do vômito”, gerando fortes náuseas e vômitos. São sintomas sem outras causas, recorrentes e geralmente incapacitantes.
Quando investigar?
Você deve procurar um médico se:
Os sintomas aparecem de forma progressiva (aumentam com o tempo).
São diferentes do padrão habitual de dor de cabeça ou crises.
Há associação entre mais de um sintoma neurológico (esses que estão listados).
Existe histórico familiar de tumores cerebrais ou síndromes genéticas.
Como é feito o diagnóstico?
Consulta especializada com neurologista ou neurocirurgião
Exame físico neurológico com identificação de déficits motores, sensitivos ou cognitivos
Exames de imagem (Ressonância magnética é o padrão-ouro, mas Tomografia pode ser usada em emergências)
Biópsia em casos selecionados para confirmar o tipo de tumor (podem incluir estudos genéticos e moleculares que ajudam a definir prognóstico e tratamento)
Importância do diagnóstico precoce
Descobrir o tumor ainda em estágios iniciais:
- Permite cirurgias mais seguras.
- Amplia as opções terapêuticas.
- Aumenta a sobrevida e preserva qualidade de vida.
Conclusão
Nem toda dor de cabeça ou alteração neurológica significa um tumor cerebral.
Mas, quando os sintomas são persistentes, diferentes ou associados, é essencial investigar cedo.
O diagnóstico precoce salva vidas e permite tratamentos mais eficazes.
Se você ou um familiar apresenta sintomas suspeitos, agende uma avaliação especializada.

Dr. Matheus Bannach
Neurocirurgião especializado em neuroncologia. Dedica-se ao tratamento de tumores cerebrais e medulares, sempre buscando as técnicas mais avançadas e menos invasivas para seus pacientes.
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